quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Pinacoteca expõe Fortuna uma monografia de William Kentridge por Mikael Roiha

Mikael Roiha

A Pinacoteca do Estado cedia uma exposição de encher os olhos. Do artista plástico Sul Africano, William Kentridge intitulada Fortuna, otimizando um grande espaço onde se dividem entre esculturas, gravuras, desenhos, vídeos e animações.


Neste ultimo domingo fui visitar a Pinacoteca do Estado para conhecer e registrar o trabalho do artista plástico William Kentridge, munido de câmera fotográfica, caneta e bloco de notas me dirigi ao local.

Chegando na Pinacoteca um diferencial de poucos lugares é o estacionamento gratuito para visitantes, ao descer do carro a arquitetura da Pinacoteca já chama sua atenção pelas paredes de tijolos a vista e as grandes janelas. Na entrada a bilheteria fica bem discreta, tanto é que entraria sem pagar se não fosse pelo recepcionista me chamar a atenção, passado o embaraço e guardado a mochila no porta-volume, entrei na Pinacoteca por uma ponte de acesso, que logo nos da uma boa ideia de como é espaçoso e iluminado pelas clara boias a parte interna do prédio. A exposição de William fica logo a frente com letras enormes na parede, ao lado esquerdo pode se ver os primeiros trabalhos com vídeos recentes do artista que usa uma geringonça para gerar o som do vídeo. Ao se dirigir para o espaço da exposição, automaticamente você vai em direção a porta de saída. A primeira vista uma pessoa desinformada pode acabar por passando pela exposição sem encontra-lá.

Um detalhe muito interessante que aconteceu comigo nesse momento, foi que minha câmera por acaso parou de funcionar, me deixando impossibilitado de fotografar, mesmo assim tentei fotografar com meu celular, que seria melhor do que nada, mas a bateria não foi o suficiente para ligar a câmera. Sem fotos então o jeito foi anotar tudo no caderno, ... ops! Nesse momento me dei conta que tinha acabado de perder caneta e papel. O jeito foi apelar para loja de souvenires e comprar caneta e papel.

Resolvido os contra tempos pude ver logo na entrada que a exposição de William Kentridge intitulada Fortuna, que é a primeira exposição monografica realizada na America Latina  incluindo 38 desenhos, 35 filmes e animações, 184 gravuras, 31 esculturas e duas vídeo instalações produzidas entre 1989 e 2012, todos estes trabalhos estão sendo expostos graças a uma parceria entre Instituto Moreira Salles e Fundação Iberê Camargo.
Procissão: 25 estatuetas em Bronze.
Tam: 20 x 40cm
Logo na entrada podemos ver um conjunto de 25 estatuetas em bronze chamada Procissão. Mais ao lado numa sala de exibição se vê algumas vídeo arts como o, "Ubu Tells the Truth" de 1997, um filme feito em 35mm com fotos documentais e filmes de arquivo em 16mm. O vídeo relata uma guerra que usa a animação de um gato e uma cabeça sobre um tripé, como autores da guerra.   
Mais adiante temos diversas telas, em sua maioria todas em papelão com desenho em carvão e pastel. Também existem gravuras que parecem esboços e estudos de projetos para animação, como uma cena de pessoas em protesto, personagens e até paisagens.
Visões de Um Gato (2012) desenhos sobre
 paginas de enciclopédias. Tam: 40 x 30 cm.
Alguns desses estudos merecem atenção como "Visões de um Gato" desenho este que pode ser visto em diversas animações como uma espécie de metáfora que o artista usa para o horror que dissemina a guerra e ataques terroristas ou a obra "Phenakistoscope" de 2000 onde William mostra seus primeiros estudos com a animação através de litografias coloridas pintadas sobre paginas de um atlas de 1951 e coladas em discos de gramofone e uma manivela de madeira que gera o movimento dando a impressão de ação. 

Um dos destaques da exposição fica por conta de uma escultura de rinoceronte feito com estrutura de cartolina e coberto com papel marche de folhas de enciclopédias e paginas impressas, as curvas e formas do rinoceronte mostram como William Kentridge tem talento com modelagem e esculturas, onde consegue passar toda naturalidade e textura do animal com o contraste das letras e textos em sua pele.
Rhinoceros (2007) forma, cola, papel, carvão, paginas de enciclopedias e
paginas impressas. Tam: 40 x 25 x 30 cm.
Conforme acompanhamos a exposição podemos observar como funciona o processo criativo e fluxo de trabalho das obras de William Kentridge, a maneira que o artista expõe sua visão, das paisagens, problemas e guerras enfrentados pela sociedade sul africana, são totalmente diferentes daqueles estereótipos mostrados nos meios de comunicação comuns, como Tv e canais de noticias da internet.
Nas primeiras animações pode se sentir as alegrias e danças do povo africano que se misturam com sua luta pela liberdade e trabalho honesto, sendo uma parte mais leve e alegre do seu trabalho. A maior parte dos trabalhos do artista retratam a guerra e sofrimento do povo africano como a irreverente animação "What Will Come" de 2007 que conta um pouco da história da guerra entre Itália e Etiópia em 1930. A projeção é feita em cima de uma mesa redonda com um cilindro espelhado no meio, fazendo com que o observador enxergue duas animações; uma, a original e a outra, deformada pelo cilindro, como se fosse duas noticias do mesmo evento.


What Will Come (2007) - mesa, papel de desenho,
 espelho, cilindro de aço e filme em 35 mm. 

Ao sair da exposição fiquei instigado em conhecer melhor o continente Africano, seus costumes, cultura, história de guerras e lutas populares. Para então jogar na primeira lixeira o pensamento estereotipado que tenho da Africa com savanas, leões e tribos "selvagens". Na minha visita a exposição Fortuna de William Kentridge me proporcionou uma descoberta dirigida, com uma busca incessante e apaixonada pela sociedade africana, ao mesmo tempo distante do controle racional e da estatística fria convencional, conforme o significado da palavra "Fortuna" para o artista.

Obrigado William Kentridge.


Serviço da Exposição

R$6,00 inteira e estudantes com carteirinha R$3,00 meia / Grátis aos sábados e às quintas das 17h às 22h. Crianças com até 10 anos e idosos maiores de 60 anos não pagam.
Terça a domingo das 10h às17h30 com permanência até as 18h / Às quintas até as 22h.
Praça da Luz, 02, Luz, São Paulo – SP, Brasil.
Exposição de 31 de agosto até 10 de novembro de 2013



Links relacionados: 

http://www.pinacoteca.org.br/pinacoteca-pt/
https://www.youtube.com/watch?v=yOeILd5bQDo


sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Destaque Cabe ao Foguete, por Isabela Paulino Colombo

Olá, pessoal! Minha vez de postar nesse blog...e pra quem não sabe quem sou eu, lá vai uma foto:
Bom, vamos começar a falar sobre a exposição que eu visitei, e que surpreendentemente, amei! Porque é tão surpreendente que eu tenha amado a exposição? Bom, essa resposta é fácil: porque eu realmente não gosto de artes plásticas... eu já dei várias chances e entendo os porquês de várias artes serem feitas, a filosofia que existe por trás de coisas que a primeiro momento não entendemos e etc... mas simplesmente não é algo que converse comigo do mesmo jeito que ballet ou música clássica, por exemplo, e em minha defesa, muitas pessoas amam de paixão artes plásticas mas prefeririam se esfaquear a ver uma apresentação de ballet. Enfim, o nome da exposição é o mesmo do título: Destaque Cabe aos Foguetes e essa é uma obra do artista Marcos Gorgatti.
Esse nome foi dado porque a exposição trabalha muito o fato de que no mundo moderno e pós-moderno, as pessoas realmente não enfatizam mais o ser humano, mas sim a máquina, essas novas descobertas e invenções que apesar de serem desenvolvidas pelo homem, são tratadas como se fossem um ser vivo. A obra toda foi feita baseada no livro Desenhocop.
Esse livro é um livro que era usado nas escolas para as crianças desenharem. Ele funciona como um livrinho de colorir, mas ao invés de se colorir diretamente no livro, as crianças colocavam uma folha sobre o desenho que queriam fazer, faziam os traçados por cima e depois podiam colorir, e no livro há vários temas, o que servia para complementar os assuntos ensinados nas aulas. Pois bem, a exposição trabalha as contradições que esse livro traz justamente na época em que o Brasil vivia sua ditadura militar. Como pode-se ler na foto acima, o livro é para cópias de desenhos, mas o próprio livro não pode ser copiado... doido pensar nisso, não? Todos os desenhos feitos pelo artista são das páginas do livro, e é engraçado que cada uma traz uma contradição em si, mesmo que as vezes isso apareça de forma sutil. Vou colocando algumas fotos entre os parágrafos para vocês irem vendo, lendo e observando.
Não é segredo para ninguém que durante a ditadura, havia uma onda de positivismo muito grande, ao mesmo tempo em que havia muito controle sobre tudo. Podemos ver nos quadrinhos o tanto que esse positivismo era exposto nas páginas desse livro infantil, e vemos um modo de controle nele também: as crianças copiavam os desenhos, e a partir de um desenho de base, igual a de todas as outras crianças, elas podiam colorir. Ou seja, a criatividade não estava de fato sendo incentivada nas escolas, já que as crianças não criavam seus próprios desenhos.
Outra coisa legal de destaque nessa obra, é o fato de as cidades serem projetadas para carros, e não para os humanos. E um fato curioso, é que o artista sofreu um acidente de carro, então ele faz essa conversa com o espectador sobre como estamos nas mãos das máquinas que criamos e que elas muitas vezes falham.
A foto acima pra mim é auto-explicativa... o artista criou um carro de espuma e o deixou de cabeça para baixo. Isso foi a primeira coisa que chamou minha atenção, e pra dizer bem a verdade eu queria tocar nessa escultura, e apesar de não ter nenhuma placa de 'não toque', achei que não seria algo apropriado de se fazer, e nem sequer perguntei para o homem que estava me atendendo se podia tocar... e agora, escrevendo esse post, estou me arrependendo.
E se vocês estão pensando a mesma coisa que eu pensei quando vi esse chão, eu lhes digo: sim, vocês estão corretos! Esse chão foi montado a partir dos mesmos azulejos que formam a calçada da paulista. O artista reorganizou os azulejos e voilà: criou carros. Mais uma conversa sobre a cidade ser formulada para as máquinas automobilísticas e não para os humanos que as criam. E ao mesmo tempo, a meu ver, esse foi o modo do artista dizer que sim, a vida nos apresenta muitos moldes e padrões, mas não significa que não podemos reorganizar esses padrões e criar o nosso.
Essas fotos são todos quadrinhos e a meu ver, a obra tem de ser vista como um todo, o chão, o carro de espuma e aí sim quadrinho a quadrinho. Eu fiquei muito feliz de ter ido à essa exposição, achei que ela foi interessante, fala sobre temas recorrentes do nosso dia a dia e eu tenho recomendado essa exposição e uma visita à galeria a todos! Sobre a galeria: Endereço: Rua Estados Unidos, 2205. CEP 01427-002. São Paulo – SP – BRASIL. Telefone: + 55 11 30632149 // +55 11 30632193 Funcionamento: Segunda à Sexta das 11h às 19h // Sábados das 11h às 17h Entrada: gratuita Emai: contato@emmathomas.com.br website: emmathomas.com.br Espero que tenham gostado! Beijos, Isabela Colombo