sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Destaque Cabe ao Foguete, por Isabela Paulino Colombo

Olá, pessoal! Minha vez de postar nesse blog...e pra quem não sabe quem sou eu, lá vai uma foto:
Bom, vamos começar a falar sobre a exposição que eu visitei, e que surpreendentemente, amei! Porque é tão surpreendente que eu tenha amado a exposição? Bom, essa resposta é fácil: porque eu realmente não gosto de artes plásticas... eu já dei várias chances e entendo os porquês de várias artes serem feitas, a filosofia que existe por trás de coisas que a primeiro momento não entendemos e etc... mas simplesmente não é algo que converse comigo do mesmo jeito que ballet ou música clássica, por exemplo, e em minha defesa, muitas pessoas amam de paixão artes plásticas mas prefeririam se esfaquear a ver uma apresentação de ballet. Enfim, o nome da exposição é o mesmo do título: Destaque Cabe aos Foguetes e essa é uma obra do artista Marcos Gorgatti.
Esse nome foi dado porque a exposição trabalha muito o fato de que no mundo moderno e pós-moderno, as pessoas realmente não enfatizam mais o ser humano, mas sim a máquina, essas novas descobertas e invenções que apesar de serem desenvolvidas pelo homem, são tratadas como se fossem um ser vivo. A obra toda foi feita baseada no livro Desenhocop.
Esse livro é um livro que era usado nas escolas para as crianças desenharem. Ele funciona como um livrinho de colorir, mas ao invés de se colorir diretamente no livro, as crianças colocavam uma folha sobre o desenho que queriam fazer, faziam os traçados por cima e depois podiam colorir, e no livro há vários temas, o que servia para complementar os assuntos ensinados nas aulas. Pois bem, a exposição trabalha as contradições que esse livro traz justamente na época em que o Brasil vivia sua ditadura militar. Como pode-se ler na foto acima, o livro é para cópias de desenhos, mas o próprio livro não pode ser copiado... doido pensar nisso, não? Todos os desenhos feitos pelo artista são das páginas do livro, e é engraçado que cada uma traz uma contradição em si, mesmo que as vezes isso apareça de forma sutil. Vou colocando algumas fotos entre os parágrafos para vocês irem vendo, lendo e observando.
Não é segredo para ninguém que durante a ditadura, havia uma onda de positivismo muito grande, ao mesmo tempo em que havia muito controle sobre tudo. Podemos ver nos quadrinhos o tanto que esse positivismo era exposto nas páginas desse livro infantil, e vemos um modo de controle nele também: as crianças copiavam os desenhos, e a partir de um desenho de base, igual a de todas as outras crianças, elas podiam colorir. Ou seja, a criatividade não estava de fato sendo incentivada nas escolas, já que as crianças não criavam seus próprios desenhos.
Outra coisa legal de destaque nessa obra, é o fato de as cidades serem projetadas para carros, e não para os humanos. E um fato curioso, é que o artista sofreu um acidente de carro, então ele faz essa conversa com o espectador sobre como estamos nas mãos das máquinas que criamos e que elas muitas vezes falham.
A foto acima pra mim é auto-explicativa... o artista criou um carro de espuma e o deixou de cabeça para baixo. Isso foi a primeira coisa que chamou minha atenção, e pra dizer bem a verdade eu queria tocar nessa escultura, e apesar de não ter nenhuma placa de 'não toque', achei que não seria algo apropriado de se fazer, e nem sequer perguntei para o homem que estava me atendendo se podia tocar... e agora, escrevendo esse post, estou me arrependendo.
E se vocês estão pensando a mesma coisa que eu pensei quando vi esse chão, eu lhes digo: sim, vocês estão corretos! Esse chão foi montado a partir dos mesmos azulejos que formam a calçada da paulista. O artista reorganizou os azulejos e voilà: criou carros. Mais uma conversa sobre a cidade ser formulada para as máquinas automobilísticas e não para os humanos que as criam. E ao mesmo tempo, a meu ver, esse foi o modo do artista dizer que sim, a vida nos apresenta muitos moldes e padrões, mas não significa que não podemos reorganizar esses padrões e criar o nosso.
Essas fotos são todos quadrinhos e a meu ver, a obra tem de ser vista como um todo, o chão, o carro de espuma e aí sim quadrinho a quadrinho. Eu fiquei muito feliz de ter ido à essa exposição, achei que ela foi interessante, fala sobre temas recorrentes do nosso dia a dia e eu tenho recomendado essa exposição e uma visita à galeria a todos! Sobre a galeria: Endereço: Rua Estados Unidos, 2205. CEP 01427-002. São Paulo – SP – BRASIL. Telefone: + 55 11 30632149 // +55 11 30632193 Funcionamento: Segunda à Sexta das 11h às 19h // Sábados das 11h às 17h Entrada: gratuita Emai: contato@emmathomas.com.br website: emmathomas.com.br Espero que tenham gostado! Beijos, Isabela Colombo

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