sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Galeria Verve inaugura com a exposição: “Um dia de Arte”

por Daniel Gouveia














A galeria Verve abre suas portas na cidade de São Paulo como uma nova opção para o público refletir sobre a arte contemporânea. Inaugurado no dia 24 de agosto o espaço apresenta artistas como Hélio Moreira, João Lelo, Kaur, Paulo Calazans e o artista e curador do evento Allann Seabra.

A ideia de conhecer uma nova galeria sempre me pareceu fascinante. Mas algo sempre me inquietava, qual é o papel de uma nova galeria em uma cidade como São Paulo? Ao visitar a Galeria Verve constatei que um novo espaço de arte é fundamental, não só para apresentação de novos artistas, mas para a reflexão sobre esse arte contemporânea. No tempo que passei dentro da galeria, pude observar todo o tipo de pessoas que lá estavam, desde grandes empresários até simples transeuntes que entraram para ver as obras.
O comportamento sobre a estética da obra de arte me pareceu bem particular, embora sempre se ouvia o pensamento em voz alta, frases como "Eu já vi isso" ou "Isso é maravilhoso" sempre ecoavam no meu ouvido. Refletir sobre a arte além desses dois paradigmas me parecia um desafio.

 "KK-01"
Kaur
Spray sobre tela
0,80 x 0,80 / 2013

A semelhança desses dois artista (Kaur e Paulo Calazans) está apenas no campo das linhas e cores vibrantes, a estética da obra "KK-01" me remete a luz dentro de um prisma.

 "Varal da Gávea"
Paulo Calazans
Serigrafia
1,03 x 0,73 / 2012

Já a obra de Paulo Calazans (Varal da Gávea) traz a sutileza de camadas de cores dando luz e sombra para a cena do varal.

 "Leste Oeste" - João Lelo
Pintura - 1,00 x 1,00 / 2013
 "Sobre Olhos" - Hélio Moreira
Pintura - 0,60 x 1,20 / 2013
 "Sem Título" - Jorge Feitosa
Pintura - 0,34 x 0,48 / 2013
 "Liganne" - Allann Seabra
Escultura - Variável / 2013

 "KK-02" - Kaur
Spray sobre tela - 0,80 x 0,80 / 2013

Serviço da exposição:

Quanto: entrada gratuita
Quando: Segunda a Sábado : 10:00 ás 20:00
              Domingo: 10:00 ás 18:00
Onde: Rua lisboa, 285 - São Paulo - SP
Até quando:
A galeria apresenta outros artistas, e essa exposição irá de 26 de agosto até 20 de setembro.

Links relacionados:
https://www.facebook.com/VerveGaleria



sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Ralph Gibson & Larry Clark, por Bruno Loos

Bruno Loos
Apesar da exposição aproximar os dois artistas, meu foco foi imediatamente direcionado para o trabalho de Ralph Gibson. As fotografias, em preto-e-branco, iluminadas e apresentadas sem malabarismos cenográficos, resumem mais de 40 anos de uma carreira pautada pelo minimalismo e erotismo.



Ralph Gibson

O poder vetorial

Ao contrário do trabalho imediato, sujo e urgente de Larry Clark, as fotos de Gibson são planejadas, geométricas, mas nunca frias. A narrativa de cada momento capturado parece estar lá, acontecendo além-frame, restando ao fotógrafo a ingrata tarefa de selecionar o melhor fragmento.


Ralph Gibson


Ralph Gibson
O poder visual das linhas que surgem (timidamente em algumas, protagonistas em outras) é hipnótico. A perfeição do equilíbrio formal desfaz os vícios de leitura ocidentais, o olho varre as imagens em todas as direções (principalmente nas diagonais).

Ao, enfim, me liberar do transe geométrico do primeiro e encarar o material do outro artista tive a sensação de que a escolha da curadoria em aproximar os dois fotógrafos só prejudicou Clark. As fotos de Gibson pareciam ainda mais belas na comparação. Não que o material não tenha qualidade, mas são trabalhos, estética e conceitualmente, opostos.











As fotos de Larry Clark são o retrato cru de uma juventude sem perspectiva, sem direcionamento, mergulhada (inclusive ele próprio) na heroína e no sexo. Apenas a presença do nu, a amizade entre eles e a utilização de câmeras Leica não me pareceram coincidências suficientes para criar laços entre os dois materiais.

Larry Clark


Serviço da Exposição

De 27 junho a 25 agosto de 2013

Terças a sextas, das 12h às 21h. Sábados, domingos e feriados, das 11h às 20h.
Sala de exposições 1º andar.
Museu da Imagem e do Som de São Paulo - MIS
Avenida Europa, 158, Jardim Europa, São Paulo - SP, Brasil.
CEP 01449-000. Tel: 55 11 2117 4777

Entrada Franca.

Waldemar Cordeiro: Fantasia Exata, por Victor Fajardo

Victor Fajardo
A exposição faz um panorama geral da obra de um dos maiores concretistas de São Paulo, Waldemar Cordeiro. O Itaú Cultural traça a trajetória criativa do artista em suas diferentes fases e estilo de produção. Além de apresentar  reconstituições digitais de dois de seus projetos, outrora feitos a mão pelo artista.

A mostra divide a obra do artista em três momentos. A primeira parte consiste nas obras feitas na época da fundação do grupo Ruptura de arte concreta no Brasil. A arte de Waldemar Cordeiro, nessa fase, é marcada pela quebra total com o naturalismo através da abstração matemática. Com obras que, muitas vezes, se assemelham a projetos arquitetônicos, ele utiliza da geometria para se afastar, radicalmente, dos tradicionalismos da arte figurativa. Nessa parte da exposição estão presentes, sobretudo, estudos de formas e relação complementar das cores. Destaque para a presença do manifesto original do grupo Ruptura.

Idéia Invisivel, 1955. Têmpera sobre Eucatex coleção Rose & Alfredo Setubal
Estrutura Determinada e Determinante, 1958. Esmalte sobre compensado - Coleção particular

Manifesto do grupo Ruptura. (foto do jornaljovem.com.br/edicao5)
A segunda parte da exposição apresenta uma parte mais sintética do artista, e também política. Ele passa a utilizar objetos para compor suas obras, como rodas de bicicleta, mesas e cadeiras de escritório. Além de ter um tom mais crítico em suas produções.

Contra o Naturalismo Fisiológico Op. 1965. Metal e madeira - Coleção particular

Subdesenvolvido, 1964. Óleo sobre madeira - Coleção particular
Jornal, 1964. Colagem de jornal sobre papel - Coleção particular

A terceira, e última, parte da exposição é  de minha predileção. Waldemar Cordeiro também é muito conhecido pelo seu pioneirismo nas artes eletrônicas. O subsolo do Itaú Cultural foi todo reservado para as produções eletrônicas do artista. As obras consistem em imagens formadas por uma série de códigos complexos.

A Mulher que Não É BB, 1973. Offset - Acervo Banco Itaú

Uma reconstituição eletrônica da criação da imagem "codificada" simula o processo de criação, portanto, a técnica que Waldemar Cordeiro utilizava  para formar tais imagens. O artefato simulador tira uma foto do visitante e vai modificando-a, explicando passo a passo, o processo de "codificação" da imagem até ela se tornar apenas contraste de preto e branco. O processo se baseava basicamente na aplicação de um grid (matriz quadriculada) sobre a fotografia, depois se media a proporção de branco e preto e um computador IBM 360 fazia a sobreposição dos caracteres. Eis o resultado da minha foto:




























Waldemar Cordeiro: Fantasia Exata é um excelente programa para quem quer conhecer mais da arte moderna de São Paulo, pois além de disponibilizar um vasto material, tanto de obras quanto de rascunhos e ensaios do artista, a exposição conta também com uma generosa carga textual teórica estampada nas paredes ao longo da mostra.
O curador é o Arlindo Machado.

Serviço da Exposição

Quanto: Entrada Franca
Quando: terça a sexta das 9h às 20h / sábados, domingos e feriados das 11h às 20h
Onde: Itaú Cultural, Av. Paulista, 149, São Paulo- SP
Fone: 11 2168 1777
itaucultural.org.br
Até Quando: De 4 de Julho ao dia 22 de Setembro de 2013

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quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Lucian Freud: Corpos e Rostos, por Isabella Bergo

Por Isabella Bergo
Isabella Bergo
"Eu pinto gente - diz Freud - não pela maneira que elas se parecem, não exatamente a despeito do que elas são, mas como elas por acaso se parecem."


A exposição traz um dos maiores artistas figurativos contemporâneos, Lucian Freud, no MASP, com um apanhado de pinturas e gravuras. Além disso, há 28 fotografias tiradas por seu assistente e amigo, David Dawson.
Trabalhando à noite / Working at night (2005) C-type 39 x 59,5 cm

Eu conheci as obras de Lucian Freud quando comecei a cursar Artes Visuais e, a priori, meu interesse nele foi somente por saber que ele era neto de Sigmund Freud. Porém, ao entrar em contato com suas obras, descobri um universo de obras viscerais, dolorosas, gritantes. 
Na mostra, a princípio, me decepcionei um pouco por esperar um número maior de pinturas, na esperança de ver pessoalmente as que eu já conhecia e tinha identificação maior. Entretanto, fiquei extremamente surpresa com as gravuras, trabalhadas com a técnica de água-forte, que me causaram espanto por tamanha capacidade de expressão, de uso de diferentes texturas com luz, sombra e profundidade.

As gravuras são divididas em dois períodos diferentes: primeiro em 1940, quando ele ainda era jovem e fazia gravuras experimentais e depois a partir de 1980 com mais profundidade e expressão. Na maioria de suas pinturas os modelos estão nus. Para mim, isso retrata a crueza de suas obras, como se fossem de fato transparentes. Os músculos, contorno dos corpos, a tristeza, a dor, e a solidão. Está tudo estampado no corpo, nos olhos, na expressão. 

As fotografias tiradas por David Dawson são emocionantes, por mostrar que o próprio ateliê de Lucian Freud já era uma obra de arte. É possível sentir sua solidão, seu vazio, e até o silêncio de seu cachorro, que ele retrata em suas obras. 
Há também um documentário na exposição que é interessante assistir antes de entrar nas salas com as obras. Eu senti que assistir o vídeo introduz as obras e ao artista, e desta maneira há uma compreensão e uma comunicação ainda mais aprofundada. 

Jovem nua com ovo / Naked Girl with Egg (1980/81) Óleo sobre tela / oil on canvas  75 x 60.5 cm - British Council Collection

Mulher com tatuagem no braço / Woman with an Arm Tattoo (1996) Água-forte - Birmingham Museums and Art Gallery, Birmingham, UK


Foto de minha autoria - MASP

Serviço da Exposição

Quanto: R$ 15,00. 
Estudantes, professores e aposentados com comprovante: R$ 7,00. 
Acesso gratuito a todos às terças-feiras e para visitantes com até 10 anos e acima de 60 anos. 
Quando: de 28/06 a 13/10 Terças, Quartas, Sextas, Sábados e Domingos das 10:00 às 18:00 Quintas das 10:00 às 20:00

Onde: MASP - Museu de Arte de São Paulo
Avenida Paulista, 1578 Cerqueira César - Centro / São Paulo. Tel: (11) 3251-5644 
Estação Trianon-Masp (Metrô – Linha 2 Verde)




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