sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Ralph Gibson & Larry Clark, por Bruno Loos

Bruno Loos
Apesar da exposição aproximar os dois artistas, meu foco foi imediatamente direcionado para o trabalho de Ralph Gibson. As fotografias, em preto-e-branco, iluminadas e apresentadas sem malabarismos cenográficos, resumem mais de 40 anos de uma carreira pautada pelo minimalismo e erotismo.



Ralph Gibson

O poder vetorial

Ao contrário do trabalho imediato, sujo e urgente de Larry Clark, as fotos de Gibson são planejadas, geométricas, mas nunca frias. A narrativa de cada momento capturado parece estar lá, acontecendo além-frame, restando ao fotógrafo a ingrata tarefa de selecionar o melhor fragmento.


Ralph Gibson


Ralph Gibson
O poder visual das linhas que surgem (timidamente em algumas, protagonistas em outras) é hipnótico. A perfeição do equilíbrio formal desfaz os vícios de leitura ocidentais, o olho varre as imagens em todas as direções (principalmente nas diagonais).

Ao, enfim, me liberar do transe geométrico do primeiro e encarar o material do outro artista tive a sensação de que a escolha da curadoria em aproximar os dois fotógrafos só prejudicou Clark. As fotos de Gibson pareciam ainda mais belas na comparação. Não que o material não tenha qualidade, mas são trabalhos, estética e conceitualmente, opostos.











As fotos de Larry Clark são o retrato cru de uma juventude sem perspectiva, sem direcionamento, mergulhada (inclusive ele próprio) na heroína e no sexo. Apenas a presença do nu, a amizade entre eles e a utilização de câmeras Leica não me pareceram coincidências suficientes para criar laços entre os dois materiais.

Larry Clark


Serviço da Exposição

De 27 junho a 25 agosto de 2013

Terças a sextas, das 12h às 21h. Sábados, domingos e feriados, das 11h às 20h.
Sala de exposições 1º andar.
Museu da Imagem e do Som de São Paulo - MIS
Avenida Europa, 158, Jardim Europa, São Paulo - SP, Brasil.
CEP 01449-000. Tel: 55 11 2117 4777

Entrada Franca.

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